Uma das habilidades do Zezinho é consertar tudo quanto está quebrado e, dentre as muitas coisas “avariadas” aqui em casa, está a válvula da pia. Ele percebeu o problema já na primeira lavada de louça.
Então, hoje, após aquele almoço caprichado de domingo, ele foi “reinar” na área de serviço e descobriu uma válvula novinha – cuja existência eu não sabia e, ainda que soubesse, nem saberia para que servia!
Começou a esvaziar o balcão da pia e danou a trabalhar.
Alguns minutos depois, veio em minha direção, meio frustrado:
– Amor, hoje eu não consigo.
E eu, como sempre de boa e conformada com tudo, respondi:
– Oxe, tem nada não, menino, deixa quieto. A pia não funciona mesmo assim?
– Nada disso! Eu não consigo hoje, porque não tenho a ferramenta adequada, mas amanhã providencio um alicate bomba d’água e troco rapidinho.
Fiquei bestinha, olhando pra ele, com um misto de surpresa e encanto… Conheço poucas pessoas assim, aliás, nem eu mesma sou assim!
O que mais a gente vê são pessoas que desistem diante da primeira dificuldade e outras ainda que nem tentam!
Sabe, é importante reconhecer limites, desacelerar e até parar, se for preciso… Mas somente para avaliar melhor a situação, buscar as ferramentas certas e voltar para resolver.
E sim: é muito bom ter por perto pessoas que não desistem, até quando parecem desistir.
Há quem pense que amor de verdade é aquele dá coragem para escalar uma montanha, para pular de paraquedas ou para fazer uma tatuagem.
Há ainda quem ache que sexo é prova de amor e que declarações espalhafatosas em público também são.
Amor de verdade não precisa de holofotes nem de microfones.
Ele nasce no silêncio e no silêncio se sustenta, pois nada é grande o suficiente para traduzi-lo.
Pergunte aos casais que estão juntos – e felizes – há muito tempo qual o segredo da vida a dois, eles não vão citar grandes viagens, a casa confortável em que moram nem os filhos que criaram.
Eles vão falar das lágrimas enxugadas, da mão no ombro nos momentos vulneráveis, no perdão dado ou pedido, na escassez de recursos superada, no desejo que, até diminuiu, mas nunca acabou.
Há muitas teorias sobre o amor, eu mesma tenho várias! Mas não importa o que se diga, não importa o que se faça, o amor verdadeiro não muda de forma, não muda de cor, não vira amizade e nunca deixa de ser amor.
Às vezes começa a chover e você não quer ou não pode correr.
Daí você, já acostumado a chuvas e a mudanças repentinas de tempo, fala para a pessoa que está do seu lado que ela pode apressar o passo, para não se molhar, e que você vai ficar bem.
Mas a pessoa não atende e começa a andar no seu ritmo.
Prefere se molhar a abandonar você.
É quando você percebe que as chuvas são os melhores fenômenos, para se descobrir as melhores companhias.